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Sempre ouvimos e fomos incentivados a desenvolver várias competências e habilidades, especialmente quando se trata da inserção e/ou permanência no mundo corporativo.
De tempos em tempos, uma nova conjectura técnica ou interpessoal insere-se no rol de tantas outras já, massificadamente, mencionadas e exigidas. Um pouco mais recentemente, temos ouvido falar nas Soft skills e nas Hard skills que, em bom português, são: as competências interpessoais e as técnicas. Ou seja, são as habilidades que devemos ter e desenvolver, não apenas com o objetivo de alcançar resultados significativos na nossa performance profissional, mas especialmente no que diz respeito a como nos relacionamos em todas as áreas da nossa vida.
Novos comportamentos e novas premissas acabam por fomentar um cenário em que novas exigências interpessoais são solicitadas para ambos os lados (empresa e colaborador), independentemente dos mercados e nichos de atuação.
Num estudo recente, a Michael Page – uma renomada consultoria em recrutamento – identificou 5 grandes competências apontadas pelos entrevistados como as mais desejadas no âmbito laboral, independentemente da área de atuação e senioridade. São essas:
1. Trabalho em equipe;
2. Inteligência emocional/controle das emoções;
3. Resiliência/resistência ao estresse;
4. Capacidade de comunicação;
5. Proatividade
Nada de novo no mundo corporativo, certo? Mas, por que é que estas competências foram destacadas no estudo? Por que é que são estas as que estão destacadas no levantamento de perfis? Por que é que são estas as competências desejáveis num universo tão volátil e com tanta tecnologia no mundo laboral?
A resposta é simples: dizem respeito a como nos posicionamos face aos relacionamentos e interações no dia a dia do trabalho. E é fácil entender este contexto quando consideramos que, mesmo dispondo de tantas tecnologias – a IA destacadamente – de processos bem estruturados e definidos, de planos de ação e relatórios detalhados, é prioritário que os profissionais estejam mais sensíveis e inclinados a estabelecer comportamentos acessíveis, de maior interação e troca, onde a escuta ativa é tão ou mais importante do que a resposta técnica imediata.
Note-se que o primeiro item de relevância foi o trabalho em equipe. Considere que na sua equipe (independentemente de serem dois ou quinze profissionais focados em desenvolver um trabalho que, em última análise, favorecerá o crescimento da empresa), muito provavelmente, há ruídos e falhas no processo e podemos elencar inúmeros motivos para que isso ocorra. Mas, foquemos nos restantes itens da pesquisa: inteligência emocional, resiliência, capacidade de comunicação e proatividade. Se um destes estiver descalibrado, provavelmente o trabalho em equipe não terá o êxito esperado. É simples!
É possível que perguntem: mas, por que é que isto acontece? Porque o “x” da questão está na interseção de cada uma das competências apontadas como primordiais pela pesquisa. A falta de uma comunicação clara que diga respeito, por exemplo, a prazos e papéis dentro da equipe, pode gerar um entendimento falho que pode resultar em excesso de trabalho para um membro ou, simplesmente, baixa proatividade por parte de outro. A consequência será um aumento do nível de estresse devido ao tempo de conclusão da tarefa e, sem sombra de dúvidas, o cansaço, a irritabilidade e a falta de controle emocional serão comportamentos percebidos no tom de voz, na fala ou nas ações.
Não há uma fórmula mágica para que alcancemos a nossa melhor performance laboral. Mas, há uma maneira de desenvolvermos tais competências (boa comunicação, resiliência, proatividade, controle emocional) com o objetivo de garantir o bom funcionamento do trabalho em equipe, liderado por uma gestão ativa e comprometida. Essa fórmula também permite que se atinja os nossos propósitos pessoais: analisando como estamos, como lidamos com as situações e como devemos potencializar as ações de melhoria contínua no nosso cotidiano.
Enquanto seres subjetivos e com personalidades distintas, somos únicos. Contudo, viver em sociedade faz-nos desempenhar papéis importantes que resultarão em como estaremos não apenas no fim do dia, mas ao longo da vida.
Boa reflexão!
Cordialmente,
Milka Rabêlo, Psicóloga
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